O Napster, que mudou a indústria da música, vai voltar

Olá, amantes da música, tudo bem?

Quem viveu bem os anos 2000 sabe o quanto o Napster revolucionou a maneira de consumir música. Imagina ter TODAS as suas músicas favoritas na hora que quiser. Para os novinhos e novinhas de hoje isso não é novidade mas, para quem é das antigas, há 23 anos atrás, isso era a mesma coisa do que estar no paraíso!

O Napster planeja uma volta e promete causar rebuliço mais uma vez. Será?

 

O que foi o Napster?

O Napster foi um dos primeiros serviços de compartilhamento de arquivos peer-to-peer (P2P) na internet. Ele permitiu que as pessoas compartilhassem arquivos de música de forma fácil e gratuita, o que levou a uma grande queda nas vendas de música e provocou uma batalha legal entre os artistas e as gravadoras contra o Napster. O caso ajudou a definir as leis de direitos autorais na internet e levou à criação de novos modelos de negócios, como o streaming de música pago (Spotify, Apple Music, Deezer e etc). Além disso, também ajudou a popularizar o uso de tecnologias P2P e aumentou a conscientização sobre questões de propriedade intelectual na era digital.

 

Reportagem da época na saudosa MTV Brasil sobre o Napster

 

O criador

O Napster foi criado em 1999 por Shawn Fanning, um estudante universitário americano de 19 anos formado na Northeastern University em Boston, Massachussetts. Trabalhou como desenvolvedor de software para a startup Airtime.

Ele desenvolveu o software como uma forma de facilitar o compartilhamento de música entre amigos. A ideia era permitir que as pessoas compartilhassem arquivos de música armazenados em seus computadores diretamente entre si, sem precisar usar um servidor central. O software foi lançado pela primeira vez em junho de 1999 e rapidamente se espalhou entre os estudantes universitários e depois para o público em geral.

 

Shawn Fanning na capa da revista TIME em outubro de 2000

 

Como se compartilhava música antes do Napster?

Antes do Napster, a principal forma de compartilhar música era através de gravações físicas, como CDs, fitas cassetes e pendrives, que as pessoas trocavam entre si (fiz grandes amizades promovendo encontros para troca de CDs). Além disso, também havia a opção de baixar músicas de sites de compartilhamento de arquivos, mas esses sites eram geralmente inseguros e difíceis de usar. Sem falar na internet lenta da época que caía constantemente e nessas quedas, todo o download era perdido.

 

Como funcionava o Napster?

O Napster funcionava como um serviço de compartilhamento de arquivos peer-to-peer (P2P). Isso significa que as pessoas se conectavam diretamente entre si para compartilhar arquivos, sem precisar usar um servidor central.

Quando um usuário baixava o Napster, ele podia compartilhar arquivos de música armazenados em seu computador e procurar arquivos de música compartilhados por outros usuários.

 

A interface do Napster

 

Os usuários podiam procurar músicas usando o nome do artista ou do álbum e depois baixá-las diretamente do computador de outro usuário. Também havia uma lista de arquivos compartilhados por outros usuários, que era atualizada em tempo real.

Além disso, O Napster mantinha um registro de todas as músicas compartilhadas por seus usuários, permitindo que outros usuários encontrassem e baixassem essas músicas mais facilmente.

Sabe quando você entra no perfil de um amigo no Spotify e vê todas as músicas e playlists que ele possui? Então, era mais ou menos isso. A diferença era que você podia fazer o download da música do seu amigo para o seu computador, já que o streaming ainda era uma realidade distante. Havia também uma opção de chat, onde poderia conversar e trocar ideias sobre as músicas.

Isso foi uma das principais características que o tornou tão popular, mas também o levou à ação legal por parte das gravadoras e artistas, devido a violação dos direitos autorais.

 

Artistas de peso entraram com ações contra a plataforma

Muitos artistas e gravadoras entraram com ações legais contra o Napster, alegando violação de direitos autorais. A lista inclui artistas famosos como Metallica, Dr. Dre, Madonna, e Aimee Mann, bem como a Associação de Gravadoras dos Estados Unidos (RIAA, sigla em inglês) e várias gravadoras individuais, incluindo a Sony Music Entertainment, a Warner Music Group e a Universal Music Group.

 

Lars Ulrich, baterista do Metallica, em uma das audiências contra o Napster

 

A ação legal foi liderada pela RIAA, que argumentou que o Napster estava facilitando a distribuição ilegal de música e prejudicando as vendas de música. A ação legal levou à decisão judicial de 2001 que obrigou o Napster a fechar suas operações, e o Napster mudou seu modelo de negócios para um modelo de assinatura paga.

 

Quais outras plataformas surgiram na onda do Napster?

Depois do sucesso do Napster, várias outras plataformas de compartilhamento de arquivos peer-to-peer surgiram, tentando replicar o sucesso do Napster. Alguns dos mais conhecidos incluem:

  • Kazaa: Lançado em 2000, foi uma das primeiras plataformas P2P a surgir depois do Napster. Ele usava o mesmo protocolo de rede que o Napster e rapidamente se tornou um dos mais populares serviços de compartilhamento de arquivos.
  • Limewire: Lançado em 2000, o Limewire foi outra plataforma popular de compartilhamento de arquivos P2P. Ele permitia que os usuários compartilhassem arquivos de música, vídeo e imagem e incluía recursos avançados, como a capacidade de procurar arquivos específicos.
  • eMule: Lançado em 2002, o eMule era uma plataforma de compartilhamento de arquivos baseada em cliente-servidor. Ele permitia que os usuários compartilhassem arquivos de música, vídeo e software, e era popular principalmente na Europa.
  • BitTorrent: Lançado em 2001, o BitTorrent é um protocolo de compartilhamento de arquivos que permite aos usuários baixar grandes arquivos de forma mais eficiente do que as plataformas P2P tradicionais. Ele é amplamente utilizado atualmente para compartilhar arquivos de música, vídeo e software.

 

Essas plataformas surgiram na onda do Napster, mas também sofreram processos legais e mudanças em seus modelos de negócios devido as questões de direitos autorais. Atualmente, as plataformas de streaming de música, como Spotify e Apple Music, são as principais formas de acesso à música para os consumidores.

 

A interface do Napster atualmente

 

Será o Napster o verdadeiro vilão nessa guerra contra as gravadoras?

Essa é uma questão controversa. Alguns argumentam que o Napster foi apenas a vítima de um sistema de direitos autorais obsoleto que não estava preparado para a era digital e que a batalha legal contra o Napster foi uma tentativa das gravadoras de proteger seus lucros em vez de proteger os direitos dos artistas. Eles argumentam que o Napster realmente ajudou a popularizar a música e aumentou a conscientização sobre questões de propriedade intelectual na era digital.

Por outro lado, outros argumentam que o Napster foi responsável por causar uma grande queda nas vendas de música e prejudicou muitos artistas e gravadoras. Eles argumentam que o Napster permitiu a distribuição ilegal de música em massa e que as ações legais foram necessárias para proteger os direitos dos artistas e dos detentores dos direitos autorais.

Em geral, é claro que o Napster foi uma plataforma importante na história da música digital e teve um impacto significativo na indústria da música e na forma como as pessoas acessam e compartilham música atualmente. No entanto, a questão se ele é o verdadeiro vilão ou vítima é complexa e depende das perspectivas e opiniões individuais.

 

O Naspter não morreu

Em 2002 o Napster foi adquirido pela Roxio e, posteriormente, pela Best Buy, que o fundiu com outro aplicativo de música dos anos 1990, o Rhapsody. Em 2020, foi vendido novamente, desta vez para a empresa de realidade virtual MelodyVR. Agora, o Napster foi vendido mais uma vez, desta vez para duas empresas chamadas Hivemind e Algorand. A Hivemind é descrita pelo Verge como “uma empresa de investimentos com foco em cripto dedicada a tecnologias blockchain, empresas de cripto e o ecossistema de ativos digitais”.

O fundador da Hivemind, Matt Zhang, anunciou a compra em sua página do LinkedIn. “Caros amigos, estamos empolgados em compartilhar que tornamos o Napster Group privado e em trazer a icônica marca musical para a web3”, dizia o post. Como exatamente o Napster funcionará na Web 3.0 e como exatamente será seu modelo de negócios ainda não está claro.

 

A linha do tempo do Napster

 

Os NFTs estarão nessa

Sim, planeja-se algum tipo de mercado para os artistas venderem seus NFTs, bem como alguns dos próprios não fungíveis do Napster inspirados no seu icônico logo do gato com fones. No entanto Jon Vlassopulos, novo CEO do Napster, deseja que a “utilidade” seja proeminente nos esforços do Napster para 2023.

“Imagine que cada perfil agora é uma carteira virtual. Queremos criar uma experiência mais equitativa em torno da música, mas também em torno de conexões de fãs e artistas, mercadorias virtuais e experiências virtuais”, disse ele. “Achamos que podemos jogar com itens colecionáveis, mas também gerar utilidade em um serviço. E a música é perfeita para isso.”

 

O Napster é inegavelmente uma marca forte, mas isso não o tornou um grande concorrente dos maiores serviços de streaming de música. A adesão às tecnologias web3 realmente mudará isso?

Para mais informações, acesse o site do Napster e cadastre-se para receber novidades futuras.

 

Música sempre o/


 

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