Uma das coisas que mais amo na Netflix são os documentários. Um belo dia, decidi assistir apenas os documentários relacionados a música. Tem para todos os gostos e por isso destaquei os que achei mais interessantes. Se você gosta de histórias de bastidores e polêmicas, recomendo estes:
The Defiant Ones
Este documentário mostra a surpreendente parceria do produtor Jimmy Iovine, do rapper Dr. Dre e o impacto na indústria musical que esta parceria provocou.
Iovine, além de produtor, é co-fundador da Interscope Records e da Beats. Dre tonou-se uma lenda do rap fazendo parte do N.W.A. Como produtor, apresentou Eminem ao mundo, entre outras parcerias. Junto com Iovine, tornou a Beats uma das empresas de áudio mais bem sucedidas (e lucrativas).
Com depoimentos de Bono, David Geffen, Eminem, Nas, Stevie Nicks, Ice Cube, Gwen Stefani, Jon Landau, Tom Petty, Trent Reznor, Snoop Dogg, Bruce Springsteen, Diddy e Will.i.am, este documentário destaca o início da carreira dos dois, mostrando como essa parceira, que para muitos parecia improvável, foi possível, com muita música e histórias fantásticas. Mostra também o processo de criação de ambos, como trabalham e como buscam inspiração.
Hip-Hop Evolution
A série de oito episódios apresenta lendas vivas do hip-hop, todos ainda interessados em compartilhar suas perspectivas sobre como um dos estilos musicais mais populares surgiu no Bronx na década de 1970.
Com depoimentos de Grandmaster Flash, Grandmaster Caz, Afrika Bambaataa, Russell Simmons, Kool Herc, entre outros, o documentário dá espaço para contar a história sem focar demais em uma opinião ou se deixar levar pelos egos. Neste documentário você não vê muito o apresentador. O mesmo se senta e deixa as lendas contarem a história. Impressionante como a criatividade fluía na cabeça desses artistas, mesmo com materiais e tecnologias precárias. Os anos se passam e o que eles fizeram ainda impressiona.
Stretch and Bobbito: Radio That Changed Lives
Para se ter uma ideia da importância do programa de rádio Strech Armstrong e Bobbito, da WKCR, realize isso: os rappers JAY-Z, Biggie e Eminem, então meros conhecidos passaram por lá. E isso é apenas o começo. Este documentário dá ao programa, e aos apresentadores por trás dele, seu peso histórico apropriado. Isso mostra como caras comuns e seus contatos, habilidades de DJ, química inegável e algumas risadas estranhas e contagiantes, basicamente criaram o som do rap dos anos 90. Logo podemos comparar a facilidade nos dias de hoje para divulgar um artista e seu trabalho com as dificuldades dos anos 90, sem rede sociais e quase nada de internet. Era difícil? Sim, mas com certeza era bem mais divertido.
ReMastered: The Lion’s Share
“in the jungle, the mighty jungle the Lion sleeps tonight…”
Você com certeza conhece essa música, certo? O que você não deve saber é que houve uma longa briga judicial para que o o verdadeiro criador da canção fosse reconhecido.
A música foi originalmente chamada de ‘Mbube’ (ouça aqui) e foi inicialmente popularizada pelo cantor folk Soloman Linda. Depois que a música encontrou seu público, ela foi reinventada e reescrita antes de se tornar The Lion Sleeps Tonight (ouça aqui). O problema era que ninguém pagava royalties a Linda ou à sua família. ReMastered: The Lion’s Shareconta a história de como um jornalista interessado assumiu a responsabilidade de assegurar que a família recebesse o que lhes era devido e de garantir que uma peça-chave do patrimônio cultural sul-africano fosse restaurada em seu devido lugar.
Quem mais lucra com a canção até hoje é a Disney e, até então, nunca havia reconhecido Linda como o verdadeiro criador da canção. Mas não pense que a esse assunto chega ao fim. Ao assistir o documentário, você ainda terá muitas dúvidas sobre o desfecho desta história, e isso inclui a família de Linda.
Quincy
A história de Quincy Jones é inimitável – tão inimitável que você poderia achar que ninguém deveria fazer um filme sobre ele, porque poucos entenderiam. Mas, se a sua filha é Rashida Jones – uma célebre documentarista – você daria uma chance. Dirigido por Jones e Alan Hicks, Quincy traça a história de um dos músicos culturalmente mais impactantes do século, seus primeiros anos tocando com Frank Sinatra e eventualmente produzindo mega hits como Thriller. para Michael Jackson. Em pouco mais de duas horas, Quincy poderia ter muitas edições, mas quando você tem uma carreira tão espetacular, é uma tarefa difícil ter que cortar algumas partes. O documentário está definitivamente muito longe de sua ultrajante entrevista GQ no início de 2018, mas Quincy mostra uma imagem mais holística de Jones como pai, artista, inovador e pioneiro musical.
Há muitos outros documentários musicais na Netflix. Tenho certeza que logo vou escrever outro artigo recomendando outros, mas esses achei muito interessantes para quem acompanha a indústria da música e tudo o que a cerca. São bem produzidos e, obviamente, a trilha sonora ajuda a contar a história. Pegue a sua pipoca e boa diversão!
Cya!
